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quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Ponto de equilíbrio

O Grêmio fez gol em apenas um dos seus últimos sete jogos. É pouco, evidencia a importância de Luan e a falta que faz Pedro Rocha, vendido há três semanas ao Spartak. 

A grande virtude do Botafogo de Jair Ventura é reconhecer seus limites. Antes de organização, consistência e aplicação. O principal trunfo alvinegro é saber suas limitações. 

Há um mês a projeção do confronto brasileiro nas quartas de final da Libertadores apontava um favorito. Com apenas uma vitória no returno do Brasileiro e a eliminação para o Cruzeiro na Copa do Brasil, a confiança no Sul não é mesma. 

O momento gremista não é bom. Some a isso a lesão de Geromel e as dores de Luan. 

O panorama atual indica equilíbrio.

Na Libertadores, o Botafogo só não marcou gol em dois dos seis jogos que fez longe do Rio de Janeiro. O Grêmio, em casa, sofreu 3 em 6. Diz pouco, mas um gol alvinegro na casa tricolor pode determinar o final da história na Arena. 

Preocupa o botafoguense a última aparição da equipe em situação idêntica. A segunda partida com o Flamengo pela semifinal da Copa do Brasil e o desempenho discreto dos comandados de Jair, após 0 a 0 na primeira partida. Gol de Diego e eliminação no Maracanã.

Além das obrigações lógicas, o grande desafio do Botafogo em Porto Alegre é oferecer perigo ao seu rival.

O Grêmio precisa retomar a confiança, ser paciente para atacar e seguro para defender. As voltas de Geromel e Luan são fundamentais. O zagueiro, provável. O atacante, um mistério.

Com Luan, Renato ganha criatividade e drible, indispensável para bagunçar o organizado Botafogo. Resta saber a condição do camisa 7.

Com as vitórias de Jorge Wilstermann e San Lorenzo na ida e o empate com gols do Santos em Guayaquil, o duelo brasileiro desta noite é o menos previsível dos confrontos.

Com Luan, Grêmio ganha mobilidade e inteligência para desarticular Botafogo



















CONFIRMA

O último brasileiro finalista da Libertadores foi o Atlético Mineiro de 2013. Depois, só Inter e São Paulo nas semifinais de 2015 e 16 chegaram perto.

Se o Santos confirmar sua classificação diante do Barcelona na Vila, o Brasil terá um finalista após quatro anos. 

Em sua 13ª participação em Libertadores, o Santos pode atingir a incrível marca de nove semifinais. Absurdo.

Sem Lucas Lima e com Jean Mota, a missão santista é mais simples que a do Grêmio. Mas o Barcelona oferece riscos. Pergunte a um palmeirense. 

sábado, 26 de agosto de 2017

Espelho

Apenas um muro separa Palmeiras e São Paulo na Barra Funda, Zona Oeste da capital paulista. Na tabela do Brasileiro, 10 pontos de diferença entre palmeirenses e tricolores. O momento é semelhante, apesar da distância na tabela. O diagnóstico para os dois, idêntico. 

A dupla trava duelo ferrenho neste domingo, no Allianz Parque. Importante para Cuca recuperar a confiança de um torcedor que clamou por sua volta em abril, e hoje, desconfiado, pede a cabeça do atual campeão brasileiro. Ao rival, fundamental para deixar a zona de rebaixamento e projetar semanas mais tranquilas.

As crises de São Paulo e Palmeiras são diferentes, mas os motivos se parecem. Rotas distintas, destino semelhante. Troca de técnico, contratações e vendas durante o campeonato. 

O Palmeiras contratou Eduardo Baptista em janeiro, demitiu em abril e trouxe Cuca. Ideias e métodos de trabalho antagônicos. Com Eduardo, o aproveitamento era superior ao atual: 66% x 52%. Frustrante.

Do outro lado, o São Paulo apostou em seu maior ídolo, no primeiro desafio como técnico profissional. Rogério caiu em junho, extremamente prejudicado pela perda de jogadores. 

Assim como Eduardo Baptista, o aproveitamento de Ceni é superior ao de Dorival, seu sucessor. 49 x 44.

O tricolor jamais venceu o Palmeiras em sua Arena. A última visita, em março deste ano, pelo Campeonato Paulista, vitória verde por 3 a 0. Dos titulares naquela tarde, apenas Buffarini, Rodrigo Caio, Jucilei e Lucas Pratto devem estar na formação inicial no Choque Rei 314 deste domingo.

David Neres, Luiz Araújo, Lyanco, Neílton, Daniel, Kelvin, Breno, Thiago Mendes, Maicon...

Desde 2015 o São Paulo comete o pecado mortal de descaracterizar seu elenco durante a temporada. 

No Palmeiras, o erro foi descaracterizar seu estilo. Posse de bola e marcação por zona nos cinco primeiros meses; pressão, contra-ataque e marcação individual com Cuca na sequência. Não se forma time assim.

Olhe para líder e vice-líder do campeonato, veja o Botafogo de Jair Ventura, surpreendentemente nas quartas de final da Libertadores, ou o Cruzeiro de Mano Menezes, na decisão da Copa do Brasil. 

Pesa a favor do Palmeiras o retrospecto positivo nos confrontos regionais mais recentes. Ao São Paulo, a pequena melhora nos últimos dois jogos, contra Cruzeiro e Avaí. 

Quem vencer o clássico ameniza sua crise, mas time forte e título, só com trabalho e continuidade. 

sexta-feira, 21 de julho de 2017

ABRACADABRA

Dos onze titulares do Figueirense que enfrentaram o CRB terça-feira (11), somente três começaram o ano no Estádio Orlando Scarpelli. Marquinhos, Leandro Almeida e Weldinho. Os outros, todos chegaram após o Campeonato Catarinense, no início ou durante a Série B.

Os fracassos recentes dos times de Marquinhos Santos, Márcio Goiano e agora Marcelo Cabo levam ao questionamento inevitável: como um time que recebeu tantos reforços não engrena?

Após empatar com o Oeste, terça (18), em Florianópolis, o clube anunciou mais dois atletas. Somando todas as contratações feitas após o estadual, o número de reforços chega aos 19. É muita coisa.

Há quem acredite que ainda seja necessário reforçar o grupo. Um meia, um zagueiro, outro atacante...

O problema do Figueirense passa longe de reforços ou contratações pontuais.

Em fevereiro, a estreia no estadual foi com Luis Carlos, Dudu, Dirceu, Bruno Alves e Henrique Trevisan; Juliano, Ferrugem, Matheusinho; Éverton, Anderson Aquino e Bill.

Dos onze, cinco deixaram o clube, Ferrugem treina em separado, quatro são reservas e somente Bruno Alves enfrentou o Oeste na última terça (18).

Há um mês na zona de rebaixamento e amargando sua pior campanha na divisão, o Figueirense que enfrenta o América esta noite é o reflexo puro de uma administração confusa e um futebol pouquíssimo convicto.

Com 8 pontos de diferença para o CRB, quarto colocado, seriam necessárias três rodadas perfeitas para deixar a zona de rebaixamento e entrar na disputa pelo acesso. O aproveitamento, hoje em 36%, teria que chegar aos 54%, número distante do rendimento atual.

Apesar do presente confirmar a tese, o retrospecto dos catarinense nas últimas edições da Série B mostram casos contraditórios, como o próprio Figueirense em 2013, com sete pontos de diferença para o quarto colocado, restando apenas seis rodadas pro fim do campeonato.

Foram quatro vitórias e dois empates, incríveis 77% de aproveitamento que confirmaram o acesso na última rodada, em Bragança Paulista.

O Criciúma, classificado em 2012, teve início de ano semelhante ao Figueirense de 17. Eliminado na primeira do estadual, recebeu boa parte do elenco no início da competição. Nomes como França, Giovanni Augusto, Kléber, Ozéia, todos titulares e que chegaram antes ou durante a Série B.

A diferença, no entanto, está na pontuação dos times. Nesta mesma rodada, em 2012, o Criciúma de Paulo Comelli liderava a Série B com 35 pontos, o dobro do que soma neste momento a equipe de Marcelo Cabo.

Lembre-se também do Avaí de 2016, 16º colocado na vigésima rodada e vice campeão da Série B em dezembro, com apenas uma derrota nos últimos 18 jogos. Na partida do acesso, em Londrina, metade dos titulares haviam chegado ao clube após o estadual: Alemão, Betão, Fábio Sanchez, Capa e Luan – Marquinhos retornou de lesão apenas em agosto.

Na contramão, o Joinville de 2014 e a Chapecoense de 2013 provaram sucesso por caminhos opostos. Com Hemerson Maria contratado desde o fim de 2013, o Joinville fez ótimo Campeonato Catarinense, manteve sua base para o nacional e sagrou-se campeão da Série B em 2014.

A Chapecoense, com Gilmar Dal Pozzo desde setembro de 2012, subiu em 2013 com um grupo modesto, mas numa filosofia de trabalho que levou o clube da quarta à primeira divisão em cinco anos.

Em Brasileiro de pontos corridos, o Figueirense só teve campanha pior nesta mesma rodada em dois anos: 2012, com oito pontos, e 2014, com quatorze. Em 2015 e 2016, na Série A, somava o mesmo número de pontos da campanha atual.

Na história da Série B, nunca um time que conquistou o acesso esteve na zona de rebaixamento nesta rodada. O Figueirense pode ser o primeiro a contrariar a lógica.

Mas é preciso planejar, confiar, dar tempo. Marcelo Cabo foi campeão com o Atlético GO ano passado. Com sete rodadas, já somava 16 pontos. O Figueirense precisou de quinze.

Com três técnicos e mais de quarenta atletas no elenco, é difícil. Não se forma time assim. É preciso brigar com a cultura.